27 de agosto de 2012

Esse tal Dr. Seuss...

Olá Olá...
Meus caros, hoje venho falar sobre algo que de certo modo não tem NADA haver com história, a não ser para as crianças....
"Mas como assim, CRIANÇAS??"
Bem, ontem eu assisti a uma animação chamada "O Lorax", e descobri que o homem que escreveu este conto, é o mesmo que escreveu VÁRIOS outros, mas infelizmente aqui na terra no tupiniquim são pouco divulgados, mas tenho certeza que você já assistiu ao filme "O Grinch" com Jim Carrey, onde sua História é baseada no conto  "How the Grinch Stole Christmas". 

BIOGRAFIA

Dr. Seuss e suas personagens
Dr. Seuss com seu nome completo, Theodor Seuss Geisel, é uma pessoa bem conhecida pela sua prescrição, embora ele não é um médico certificado. Foi-lhe dado um apelido chamado 'Ted'. Ele nasceu em Springfield, Massachusetts em 2 de março de 1904. Ele veio de uma família rica e durante a Primeira Guerra Mundial e proibição, sua família foi alvo de muitas afrontas, principalmente devido à sua herança e estilo de vida. Apesar disso, Ted e sua irmã haviam ativamente juntou-se à I Guerra Mundial campanha e, finalmente, reconhecidos como ativos adolescentes que participaram de muitas atividades. Ted tinha uma família grande e amorosa. Embora os pais foram um pouco rigoroso, mas Ted viveu-se feliz. Ele ama sua mãe muito. Sua mãe conheceu seu pai em uma loja pequena padaria. Em sua primeira educação, ele foi enviado para Dartmouth College. Ele era um aluno inteligente e brilhante no colégio. Ele escreveu um monte de matérias para as revistas da faculdade e ele foi reconhecido como o editor-chefe de Jack-O-Lantern, a revista do Dartmouth humor. Ele começou a construir seu nome nos escritos e os publicou na revista. No entanto, houve uma vez, quando Ted organizou uma festa que ia contra a política universitária, o seu futuro na escrita tinha chegado ao fim. Ele não desistiu só por causa desse incidente. Ele continuou a contribuir para a revista através da assinatura de todos os seus escritos como 'Seuss' em vez de "Geisel". Depois de formado na Faculdade de Dartmouth, ted afirmou que a Universidade de Oxford havia lhe oferecido um lugar na universidade ea notícia foi publicada. No entanto, a notícia foi negada pela Oxford University. Assim, o pai não tinha escolha a não ser mandá-lo para outro lugar para estudar com seu próprio dinheiro. Seu sonho de ser um professor tinha chegado ao fim. No entanto, ele nunca desistiu. Ele havia trabalhado duro para provar ao povo a sua inteligência e profissionalismo. Ted teve a sorte de ter uma esposa solidária e apaixonada. Ambos sempre foram chamados para hospedar grandes festas e cerimônias. Audrey tem lhe dado muitas aspirações de vida, especialmente em seus escritos e obras de arte. Havia muitas contribuições de Ted ao longo de sua vida profissional. Foi-lhe dada a oportunidade de ser o editor de Viking Press. Ao mesmo tempo, ele também trabalhou como cartunista e ilustrador. Sua dedicação e contribuições tinha concedeu-lhe com um 'doutorado' title. Ele continuou sua carreira na produção de artes de qualidade e desenhos. Quando Ted passado afastado em 1991, mais de 200 milhões de cópias de seus trabalhos publicados foram interpretados em diferentes idiomas. Isso mostra o quanto a sociedade aprecia obras do Dr. Seuss. Sua dedicação e esforço são maravilhosos e inquestionável!

Nas minhas andanças e pesquisas sobre Seuss, encontrei o site do autor, e diga-se de passagem, é um encanto. Totalmente interativo, até mesmo adultos ficam abismados.
Você pode "viajar" pelos contos do autor, ter acesso a suas obras, sua vida, as personagens. Há jogos, e tudo mais...um prato cheio para diversão.
O site está aqui:

Enfim, tem haver com História no fim. 
Espero de coração que gostem...
Bjs bjs




11 de agosto de 2012

São Roque, Agosto Dourado de Ipê!


Olá meus caros, 
Em meu primeiro post no blog, venho compartilhar de um momento no qual a cidade onde eu moro está passando: 
No dia 16 de agosto, São Roque completa 355 anos, e para isso, pensei que seria interessante resgatar a História da cidade.
Enfim, espero de coração que gostem.
Boa leitura.

A HISTÓRIA:




A cidade de São Roque foi fundada no dia 16 de agosto de 1657, mas começou como uma grande fazenda do capitão paulista Pedro Vaz de Barros, que pertencia a uma família de bandeirantes e sertanistas. Vaz de Barros também participou de diversas Bandeiras. 
O fundador da cidade, também conhecido como Vaz Guaçú, contava com aproximadamente 1200 índios que trabalhavam em suas terras, onde eram cultivados trigo e uva. A cidade recebeu o nome São Roque devido a devoção de seu fundador por este santo.  Atraído pela região, estabeleceu-se com sua família  as margens dos ribeirões Carambeí e Aracaí. Mais tarde, imigrantes italianos e portugueses cobriram as encostas dos morros com vinhedos, instalaram suas adegas e transformaram São Roque na famosa "Terra do Vinho". 
Em 1681, Fernão Paes de Barros, irmão do fundador, constrói a Casa Grande e a Capela de Santo Antonio, em taipa de pilão, vindo esta a servir como parada e pousada dos Bandeirantes, que desciam o Rio Tietê em busca de ouro e esmeraldas. Em 1945, foi restaurada pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a pedido do escritor Mario de Andrade, dono da propriedade.
Após um período difícil, o povoado originado por Pedro Vaz foi elevado à categoria de Freguesia no dia 15 de agosto de 1768, recebendo o nome de São Roque do Carambeí. Já no dia 10 de julho de 1832, a Freguesia foi elevada à categoria de Vila, mas o progresso do local só começou em 1838, quando começaram as lavouras de milho, algodão, arroz, mandioca e farinha de mandioca, cana de açúcar e derivados, legumes e verduras.

Em março de 1846, seis anos após instalar-se na vila o destacamento da Guarda Nacional, Dom Pedro II e uma pequena comitiva permaneceram um dia na cidade de São Roque. Com a passagem de Dom Pedro II, Antônio Joaquim começou a se destacar no cenário político e, graças ao morador ilustre, São Roque foi elevada à categoria de cidade no dia 22 de abril de 1864.

Já em 1875 foi inaugurada a E.F. Sorocabana, que ligou a cidade de São Paulo a São Roque e Sorocaba. Após alguns anos, em 1884, começou a grande chegada de imigrantes à cidade, fazendo com que as vinícolas apareçam novamente e ganhou força nos anos seguintes. Em 1924 a cidade já contava com 17300 habitantes e foram produzidos 10 mil litros de vinho a safra do ano. 

Em 1990, devido ao seu grande potencial no cenário histórico, artístico, ecológico e cultural, São Roque foi transformada em Estância Turística.

O PADROEIRO:



São Roque (1295 d.c – 1327 d.c) é um santo da Igreja Católica Romana, protege contra a peste e é padroeiro dos inválidos e cirurgiões. É também considerado por algumas comunidades católicas como protetor do gado contra doenças contagiosas. A sua popularidade, devido à intercessão contra a peste, é grande sendo orago de múltiplas comunidades em todo o mundo católico e padroeiro de diversas profissões ligadas à medicina, ao tratamento de animais e dos seus produtos e aos cães. A sua festa celebra-se no dia 16 de Agosto.
Não existem grandes certezas sobre a vida de São Roque, permanecendo a maior partes dos seus dados bibliográficos envolvidos em mistério. Até o seu verdadeiro nome é desconhecido, já que Roch (aportuguesado para Roque) seria o seu nome de família e não o nome de batismo (segundo documentos do século XII). Embora haja considerável variação nas datas apontadas para o seu nascimento e morte, Roque teria nascido em Montpellier, França, por volta de 1350, e falecido na mesma cidade em 1379. Sabe-se, contudo que teria falecido jovem.
Era filho de um mercador rico, de nome João, que teria funções de governante na cidade, e sua mulher Libéria. São Roque estava ligada a famílias importantes de Montpellier, sendo herdeiro de considerável fortuna. Diz a lenda, que Roque teria nascido com um sinal em forma de cruz avermelhada na pele do peito, o que o predestinaria à santidade. Roque teria ficado órfão de pai e mãe muito jovem, sendo a sua educação confiada a um tio. Estudou medicina na sua cidade natal, mas não concluiu os estudos. Levando desde muito cedo uma vida ascética e praticando a caridade para com os menos afortunados, ao atingir a maioridade, por volta dos 20 anos, resolveu distribuir todos os seus bens aos pobres, deixando uma pequena parte confiada ao tio, e em seguida partindo em peregrinação a Roma. No decorrer da viagem, ao chegar à cidade de Acquapendente, próxima de Viterbo, encontrou-a infestada pela peste. De imediato ofereceu-se como voluntário na assistência aos doentes, operando suas primeiras curas milagrosas, usando apenas um escalpelo e o sinal da cruz. Em seguida visitou Cesena e outras cidades vizinhas, Mântua, Modena, Parma, e muitas outras cidades e aldeias. Onde surgia um foco de peste, lá estava Roque ajudando e curando os doentes, revelando-se cada vez mais como místico e taumaturgo.
Depois de visitar Roma, onde rezava diariamente sobre o túmulo de São Pedro e onde também curou vítimas da peste, na viagem de volta para Montpellier, ao chegar a Piacenza, foi ele próprio contagiado pela doença, o que o impediu de prosseguir a sua obra de assistência. Para não contagiar alguém, isolou-se na floresta próxima daquela cidade, onde, diz a lenda, teria morrido de fome se um cão não lhe trouxesse diariamente um pão e se da terra não tivesse nascido uma fonte de água com a qual matava a sede. O cão pertencia a um homem rico, chamado Gottardo Pollastrelli, que percebendo a miraculosa presença de Roque, o ajudou, sendo por ele convertido a emendar a sua má vida. Milagrosamente curado, regressou a Montpellier, mas logo foi preso e levado diante do governador. Roque foi considerado um espião e passou alguns anos numa prisão até morrer, abandonado e esquecido por todos, só sendo reconhecido depois de morto, pela cruz que tinha marcada no peito. Embora não haja consenso sobre o local do evento, parece certo que ele morreu na prisão, depois de um largo período de encarceramento. Descoberta a cruz no peito, a fama da sua santidade rapidamente se espalhou por todo o sul de França e pelo norte da Itália, sendo-lhe atribuídos numerosos milagres. Passou a ser invocado em casos de epidemia, popularizando-se como o protetor da peste e da pestilência. O primeiro milagre póstumo que lhe é atribuído foi a cura do seu carcereiro, que se chamavaa Justino e coxeava. Ao tocar com a perna no corpo de Roque, para verificar se estaria realmente morto, a perna ficou milagrosamente curada. Embora sem provas que o consubstanciem, afirma-se que Roque terá pertencido à Ordem Terceira de São Francisco. São Roque é geralmente representado em trajes de peregrino, por vezes com a vestimenta típica dos peregrinos de Compostela, e com um longo bordão do qual pende uma cabaça. Um dos joelhos é geralmente mostrado desnudado, sendo visível uma ferida (bubão da peste). Por vezes é acompanhado por um cão, que aparece a seu lado trazendo-lhe na boca um pão.

30 de julho de 2012

Entrevista de Clarice Lispector


Esta importante entrevista com a nossa Clarice Lispector foi apresentada pelo programa Panorama Especial e transmitida pela TV Cultura em 1977. Através desse encontro com Clarice nós percebemos o quanto Ela é natural e existencialista ao tratar do Homem e de si mesma, ela consegue expor em seus trabalhos todos esses sentimentos que fazem parte da vida do sujeito como o Medo, Angústia, Desprezo, dentre outros afirmados pela própria Clarice Lispector.

Documentário: Sexo no Antigo Egito






Nesse documentário do canal por assinatura o History Channel é mostrado um aspecto geralmente pouco comentado da civilização egípcia.
Quem estuda as evidencias arqueológicas logo entende que esse povo tão avançado nos estudos da filosofia, artes, arquitetura, agricultura e guerra também eram muito sofisticados no entendimento da sexualidade humana.
O povo egípcio sendo inteligente como eram, logo compreenderam seus próprios extintos e passaram a apreciá-los com moderação e sofisticação.
Nesse documentário é mostrado o obvio sobre a civilização, mas que geralmente é ignorado ou omitido em livros e em documentários mais convencionais, justamente por causa da psicose dos cristãos e religiosos modernos num geral quanto ao sexo.
Sendo este um tema que ainda é "Tabu" entre a maioria das pessoas os documentários e livros acabam por ignorar essa verdade simples e obvia, mesmo as pessoas do passado se interessavam por sexo, e tinham erotismo e luxuria como as atuais, o ser humano do passado é basicamente o mesmo do presente, apenas com a diferença de não possuírem tecnologias avançadas. Mas os extintos e desejos eram iguais.

Soneto XX


William Shakespeare

Um rosto de mulher pintado pela própria mão da Natureza
Tu tens, o senhor-senhora de minha paixão
Um coração gentil de mulher, mas que não conhece
Os caprichosos humores, como é a natureza falsa da mulher

Um olho mais brilhante que os delas, menos falso no contorno,
Dourando o objeto que mira
Um homem em tons, todos os tons em seu controle
Que rouba os olhos dos homens e encanta as almas das mulheres

E para uma mulher você foi originalmente criado
Até que a Natureza, enquanto ela te criava, perdeu a cabeça
E além disso, eu, dominado por ti

Adicionei uma coisa ao meu propósito, nada
Mas como ela te plantou para o prazer das mulheres
Que meu seja teu amor, e que o uso de teu amor seja o tesouro delas.

O cantor norte-americano Rufus Wainwright musicou este soneto de Shakespeare bem como três outros sonetos (o 43, 29 e o 10).  Tendo assumido sua homossexualidade na adolescência, Rufus foi  estuprado no Hyde Park em Nova York, depois de ser levado ao bar por um homem. Ele viveu sete anos como celibatário depois do incidente. Dependente de metanfetamina, foi convencido pelo amiga Elton John a se internar numa clínica de reabilitação onde se libertou do vício. É conhecido por ser o interprete da música Hallelujah, da trilha sonora do filme Shrek.

12 de julho de 2012

E quanto vive?


Pablo Neruda
Tradução de Bruno Camargo

E quanto vive o homem, por fim?
Vive mil dias ou somente um?
Uma semana ou vário séculos?
Por quanto tempo morre o homem?
O que quer dizer ''Para sempre''?

Preocupado com essas coisas decidi
esclarecer as coisas.

Busquei os sábios sacerdotes,
os esperei depois do rito,
os vi quando saiam,
a visitar a Deus e ao Diabo.

Se aborreceram com minhas perguntas.
Eles tampouco sabiam muito,
eram só administradores.

Os médicos me receberam,
entre uma consulta e outra,
com um bisturi em cada mão,
saturados de aureomicina,
ocupados todos os dias.
Segundo soube como me falaram
o problema era como segue:
nunca morreram tantos micróbios,
toneladas deles caíam,
mas os poucos que ficaram,
se mostraram perversos.

Me deixaram tão assustado,
que busquei os coveiros.
Fui aos rios onde queimam
grandes cadáveres pintados,
pequenos mortos ossudos,
imperadores revestidos,
por escamas aterradoras,
mulheres esmagadas de repente,
por uma explosão de raiva.
Eram bancários de defuntos,
e especialistas cinzentos.

Quando chegou minha oportunidade,
os fiz umas tantas perguntas,
eles me ofereceram me queimar,
era tudo que sabiam.

No meu país os coveiros,
me contestaram, entre bebidas:
''-Busque uma moça robusta,
e deixe de besteiras''.

Nunca vi pessoas tão alegres.
Cantavam levantando o vinho
pela saúde e pela morte.
Eram grandes fornicadores.

Voltei para minha casa mais velho
depois de recorrer ao mundo.
Não pergunto nada a ninguém.
Mas sei cada dia menos.

28 de junho de 2012

Tomando as rédeas do nosso destino: o papel de Deus no imaginário ocidental.


     No início do século XX, o físico alemão Albert Einstein nos mostrava o abraço insano do espaço e do espaço aumentando as nossas perspectivas acerca do Universo. Não muito antes o naturalista britânico Charles Darwin contrariava o pensamento ocidental ao mostra a sua Teoria da Evolução e fazendo com que homem descesse do pedestal onde foi colocado pelo pensamento religioso, que afirmava que um deus nos havia criado como seres superiores sobre todas as outras formas de vida.
     Esses dois exemplos nos mostram o objetivo da Ciência: descobrir a realidade oculta que revela o nosso passado e, sem dúvida o nosso próprio futuro, nos tornando mais humildes e mudando assim o nosso caráter, pois quanto mais aprendemos mais questões surgem e lá vamos nós de novo tentando solucioná-las.
     Mas você já parou para pensar porque queremos descobrir cada vez mais e mais sobre nós mesmos? Tudo tem a ver com razão. A nossa principal característica, o cérebro capaz de captar, armazenar e fabricar grande quantidade e informações , nos impele a descobrir o sentido de tudo e com ele a resposta para uma questão existencial: Seríamos somente mais uma forma de vida no planeta ou nossa existência possui um propósito maior?
     Os cientistas já forneceram essa resposta: o homem está procurando compreender a realidade em sua totalidade. É óbvio se percebermos que queremos um dia saber a verdade oculta em nós e em tudo que está ao nosso redor.
     Porém, o próprio homem se forneceu uma segunda forma de decifrar a questão da existência. A religião afirma que a existência provém da vontade de um deus e que ele a criou, e que nada senão o vazio e o obscuro havia antes dele.
     Mas porque conceber uma ideia tão simples para explicar algo tão complexo? Fico pensando se não é uma certa preguiça de ir além daquilo que não exige muita razão mas algo que os teístas chamam de fé, a velha fé no ser superior que nos criou, que é o princípio e fim de todas as coisas.
     Porque não pensar a Terra como nosso templo sagrado com sua grande cúpula azul que o homem observa incessantemente coo forma de responder as suas tantas perguntas?
     O homem criou Deus a partir do medo do desconhecido. Quando o homem não sabia a origem, logo atribuía a essa entidade. Daí surgiram os deuses ou deusas: da chuva, do trovão, da fertilidade entre outros tantos, cultuados durante milênios por diversas civilizações.
     O monoteísmo foi pensado pelo faraó Amenófis IV, que instituiu durante seu reinado o culto ao deus Aton (uma forma do deus Amon) representado como um disco solar que nos baixos-relevos do período é representado soltando vários raios que terminam nas mãos do faraó, que seria seu representante na terra. Porém depois da morte de Amenófis IV a antiga religião politeísta foi restaurada.
     O Judaísmo, religião da qual mais tarde derivaria o Cristianismo, afirma haver um só deus cujo nome é traduzido como Javé ou Jeová, que seria criador do Universo, libertador do povo hebreu do cativeiro no Egito e quem deu a Moisés os dez mandamentos. Porém não podemos dizer que ele é bom, inúmeras passagens na Torá e demais livros que atualmente compõem a Bíblia o mostram como um deus vingativo, disposto atestar os homens e que quer sente uma vontade imensa de ser adorado a qualquer momento.  Alguns acadêmicos afirmam ser Javé um dos deuses da religião semita, esposo da deusa Aserá, que depois de algum tempo ganhou destaque e passou a ter um culto único, ou até mesmo uma fusão de personalidades de diversos deuses pagãos cultuados no Oriente Próximo.
     Vemos todos os dias na TV, notícias de exploração de pessoas por parte de líderes religiosos que se usam desse ser historicamente construído para beneficio próprio o que nos faz pensar que a Psicologia evoluiu bastante no conhecimento da mente para as pessoas ainda buscar soluções para seus dramas e para os dramas da humanidade em templos por meio de rituais e preces.
     Sendo assim para que acreditar em textos aos quais não se pode provar a veracidade e que só podem ser lendas de povos antigos que ainda hoje acreditamos? Confiar em nossas capacidades ainda hoje é a maior saída para os nossos problemas e para a busca de nossas respostas. A capacidade do homem de ser autor do seu destino fará com que ele progrida tanto no plano material quanto ético.
     Os grandes homens nos mostram que a felicidade consiste em trabalhar para o bem-estar humano e para que um dia nossa civilização alcance um estado de paz e de igualdade entre todos os seres.
Isso é possível? Sim. Basta revermos as nossas crenças e procurarmos mudar a forma com que vemos o mundo. Se o olharmos como algo que não tem mais conserto e que só mesmo um enviado divino poderá nos salvar, nossa crença nos colocará sentados à espera de um sinal dos céus mas, se procurarmos ver o mundo com mais otimismo, sabendo que o homem ainda é um novato em comparação a vida do nosso planeta, saberemos que ainda há muito o que evoluir mas que isso não ocorre do dia para a noite mas que se tomarmos as rédeas do nosso destino, que até agora estavam nas mãos de um ser invisível, lograremos grandes feitos em prol do aperfeiçoamento do ser humano.

Bruno Camargo dos Santos, licenciando em História pela Universidade de Sorocaba

10 de junho de 2012

Pensamentos mais humanos: a paz como um trabalho conjunto.


''Devemos ser a mudança que queremos do mundo.'' - Gandhi

Todos os dias somos bombardeados com dezenas de opiniões acerca de variados assuntos, pois é de nossa natureza falar aquilo que achamos sobre a realidade da qual fazemos parte. Porém os embates não ocorrem somente na forma de diálogo. Vemos toda forma de violência nas ruas e dentro do círculo familiar, desde um simples tapa que um pai dá em seu filho até a esposa que mata o marido de modo cruel e o retalha colocando-o em um saco.
Os milênios de evolução intelectual parecem não terem nos favorecido no campo da ética e da moral, o que mostra que somos tão animais quanto o primeiro primata que desceu das árvores e se pôs a procurar seu alimento nas savanas da África. Uma pergunta deveria pairar sobre nossas cabeças: Será que somente o progresso no campo da Técnica e da Ciência nos basta?
O caso do pai que abraçou o filho na rua e foi espancado por meliantes que achavam que estes eram homossexuais já caiu no esquecimento bem como os dos muitos homossexuais que foram espancados pelas ruas das grandes e pequenas cidades brasileiras.
Nesse panorama de filme de terror, que a população alienada só se depara quando assiste ao programa do Datena, não roubaram o meu relógio, mas a nossa liberdade de sair às ruas sem nos preocupar que o tigre da violência decorrente da desigualdade venha ceifar nossas vidas nessa savana urbana.
E nisso tanta coisa tão torpe tenho tido que escutar, até uma frase que de tão característica do senso comum que parece ter sido tirada da boca de um ‘’herói’’ do Big Brother: Todo político é corrupto, e só se tornar para se corromper. E eu pergunto: Você se corromperia? E a pessoa não sabe responder.
A corrupção também é uma violência, contra a mãe que quer melhor educação para o filho, o deficiente que quer melhorias urbanas enfim, contra a sociedade toda. Porém esta é uma violência aceita, pois no Brasil a esperança, pelo menos da perspectiva de parte do povo, parece estar morta.
Chamamos o rico de burguês, mas compramos um tablet ou qualquer parafernália do tipo sem saber que elas são montadas por uma criança num país da Ásia. Mas enquanto isso persiste nossa discussão tola de direita contra esquerda, e nos esquecemos que todos nós somos humanos e que o planeta sucumbe pela nossa incompetência em geri-lo.
Se pensarmos além das divisões sociais que nós mesmos nos impomos, veremos que cada um de nós é uma célula que compõem esse todo ao qual chamamos Terra. Nós e todos os ecossistemas somos um organismo vivo que padece de um câncer e para tratá-lo todos terão de se mobilizar, pois essa doença pode custar a nossa vida.
Essa consciência planetária pode soar um tanto New Age, mas o mundo está começando a voltar-se para ela. O que você veste, come, fala e o modo com que você age começa a ser ligado a um plano maior. Diria que estamos voltando à infância quando nossa mãe nos dizia do perigo que é jogar papel na rua.
Porém os mais apressados acham que podem mudar o mundo da noite para o dia. Nada no mundo ocorre desta maneira, tudo é um processo porque até mesmos nós somos seres inacabados. E por fim chamo o velho Lennon à mesa para papear comigo como fazem os historiadores e digo a ele: Não meu caro, você estava errado, o sonho não acabou; a humanidade um dia viverá em paz.

Bruno Camargo dos Santos, licenciando em História pela Universidade de Sorocaba.


7 de junho de 2012

Programa Grandes Livros: Os Lusíadas de Luís de Camões - RTP

Grandes Livros visa contribuir para a promoção da leitura das grandes obras da literatura portuguesa junto de todas as faixas etárias de falantes de português. Cada episódio conta com a participação dos principais especialistas na obra e/ou no autor em análise, recriações do autor e da sua obra.





3 de junho de 2012

Documentário: Conheça a sua carne (Meet your meat)

Documentário produzido pela PETA - People for the Ethical Treatment of Animal (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) mostrando o tratamento dado aos animais no abatedouro.

Documentário: A carne é fraca.

 Documentário produzido pelo Instituto Nina Rosa sobre os impactos ambientais, sociais, aos próprios animais e a saúde humana.

29 de abril de 2012

Café Filosófico - Nietzsche - com Viviane Mosé


O filósofo alemão Nietzsche viveu de 1844 a 1900. Mesmo assim foi capaz de antecipar algumas questões que marcaram a vida e o pensamento dos séculos XX e XXI. Hoje, Nietzsche ainda desperta um grande interesse, tanto no meio acadêmico como fora dele. Mas por que as idéias deste filósofo continuam tão atuais? Para responder esta questão, a filósofa Viviane Mosé apresenta alguns dos principais temas da filosofia de Nietzsche e nos mostram os aspectos da vida e da obra deste filósofo que são fundamentais para entendermos o fascínio que ele exerce na atualidade.
O Café Filosófico vai ao ar na TV Cultura às 23h e é reprisado na madrugada de segunda-feira às 3h40.

Discussão sobre Ateísmo no programa Saia Justa (GNT)


Participação do Presidente da Atea Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, Daniel Sottomaior, no programa Saia Justa exibido em 13 de maio de 2009 no canal GNT da NET - parte 1 de 2

Mônica Waldvogel - Jornalista
Márcia Tiburi - Filósofa
Maitê Proença - Atriz
Betty Lago - Atriz

20 de abril de 2012

A história de uma morte sem explicação


por Fausto Macedo.

Alguém telefonou para a família Vannucchi, faz 35 anos, e disse: "O Lê tá preso em São Paulo."
Cinco dias depois, uma sexta-feira, 23 de março de 1973, os jornais chegaram às bancas com a informação, apenas uma nota, sobre audacioso terrorista que morreu atropelado por um caminhão quando tentava escapar de um cerco policial no Brás.
Alexandre Vannucchi Leme, que tinha 22 anos e hoje teria 57, foi alvo de célebre farsa da repressão, que chocou a Igreja e desencadeou reação dos estudantes contra o regime dos generais.
Ele fazia o quarto ano de Geologia da Universidade de São Paulo (USP) quando os encapuzados da Operação Bandeirante (Oban) - organização paramilitar que ganhou as ruas a partir de 1969 - o capturaram, na tarde do dia 16 de março daquele ano, sob suspeita de integrar a cúpula armada da Ação Libertadora Nacional (ALN), de Carlos Marighella.
Morreu em 17 de março, surrado até perder o fôlego e os sentidos, sangrando profusamente no chão, relataram sobreviventes que com ele dividiram os porões do DOI-Codi, e por isso a Justiça e a União reconheceram o crime e mandaram indenizar a família.
A reparação veio em dinheiro, muito depois, em 1997 (governo Fernando Henrique Cardoso), mas os Vannucchi até hoje não receberam explicação para o encarceramento e a morte do filho.
José de Oliveira Leme, de 86 anos, e Egle Maria Vannucchi Leme, 82, pais de Alexandre, são professores aposentados. Ele tinha 51 anos e ela 47 quando perderam o filho e a paz.
Ainda o chamam de Lê e moram na mesma casa em que Alexandre e os cinco irmãos, mais novos, foram criados, à Rua Amazonas, Sorocaba, a 100 quilômetros de São Paulo.
É uma casa simples e antiga, mas espaçosa e agradável, construída quando a rua era de terra batida e a família tinha uma DKW Vemaguete à porta.
No quarto que foi de Lê, e também no sótão, seus pais preservam objetos, fotografias em preto e branco e outras lembranças dele - a cama e o guarda-roupas de um marrom escuro, o casaco de lã xadrez pendurado no cabide e protegido em plástico, a mesinha de canto envernizada onde fazia as lições, caixotes com pedras minerais que trazia de suas incursões à siderúrgica Ipanema, e o disco de Ravi Shankar, o músico indiano que admirava.
Em 1969, na Semana da Pátria do AI-5, ele tomou a decisão de estudar em São Paulo. Fez três meses do cursinho Equipe e passou em primeiro lugar no vestibular da Geologia, que começou a fazer ano seguinte. Míope, por isso os óculos de aro preto, era ávido leitor. "Lia compulsivamente, ele tinha um desejo maluco de aprender", conta o pai.
Morou com o tio Luís Leme em um apartamento na Teodoro Sampaio, em Pinheiros, depois acomodou-se em uma república ali perto com outros quatro universitários que o chamavam de Minhoca - por gostar muito de mexer com terra e ser magrinho.
Vivia da mesada dos pais e de uns honorários como professor particular - em Sorocaba, onde nasceu, fez o curso normal, que o habilitou para o magistério.
Jamais participou à família, nem mesmo aos amigos mais próximos, sobre o engajamento na luta armada que os militares imputaram a ele e por isso o rotularam de subversivo, quadro de alto escalão do braço estudantil da ALN.
A cada duas semanas visitava a casa de Sorocaba, que era para ele um retiro, e ali nunca disse nada sobre a vida clandestina, nem nunca lhe perguntaram, até porque os pais o tinham na conta do estudante aplicado porque tinha sido assim desde sempre.
Chegava sábado, ia no domingo. Gostava de pingue-pongue, que jogava em uma mesa tosca no piso inferior da casa. "Era o ambiente do Lê", lembra o pai.
Nas tardes de bom tempo, descia duas quadras com os colegas da Vila Santa Terezinha e no campinho sem grama batia bola até o sol se pôr.
O futebol era uma paixão sua, o Corinthians o time do coração. Aquele campinho hoje é a Praça Alexandre Vannucchi Leme, de quatro árvores pequenas e uma placa de bronze em sua homenagem.
Então, naquela segunda-feira, 19 de março, às 10h30, o telefone tocou. José Augusto, irmão mais novo, ouviu o recado de alguém que não disse quem era e avisou sobre a prisão de Alexandre, que já estava morto havia dois dias.
A família foi averiguar. O pai de Alexandre não dirigia na estrada, por isso tomou um ônibus da Viação Cometa até São Paulo e deu início a uma sofrida jornada nos endereços da repressão.
Foi ao Dops e ao DOI-Codi, o Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna do Exército. Negaram a ele que o rapaz estivesse por lá.
Na quinta à noite, 22, o pai retornou a Sorocaba sem uma única informação sobre o filho.
Planejava retomar as buscas no dia seguinte. Egle até preparou a mala com alguns pertences para o filho, a escova de dentes, uma muda de roupa, o pijama. "A gente tinha esperança de encontrar o menino com vida em alguma prisão", ela relembra, agarrada a uma grande gravura - o rosto do filho desenhado em crayon pelo engenheiro e amigo Mário Mattos.
Na agência da Cometa havia uma banca de jornais e revistas. Antes do embarque, manhã de 23, José leu a notícia. "Alexandre Vannucchi Leme, estudante, preso dia 16 por ser membro ativo da ALN, ao ser levado para um encontro com outro subversivo tentou fugir e foi atropelado."
O pai do jovem Alexandre voltou ao Dops, aquela construção centenária de tijolos vermelhos no bairro da Luz.
No segundo andar, em uma sala de janelões altos e de fundos, recebeu-o o homem encorpado, de olhos verdes e mal encarado, que a história colocou no banco dos réus como o senhor dos porões. Era o delegado Sérgio Fernandes Paranhos Fleury, mas o pai aflito não se intimidou.
"Por que vocês mataram o meu filho?", questionou.
"Aqui matamos bandido, não temos nada com esse caso do seu filho", respondeu Fleury, segundo o relato de José.
"Não acredito em nada do que o senhor está falando", retrucou o professor, que partiu para uma segunda busca, a do cadáver do filho.
Alexandre jazia em cova rasa do Cemitério de Perus, destino dos indigentes e dos sem-identidade. O jovem não era indigente e tinha identidade, mas os militares depositaram seu corpo ali, enrolado em saco preto emborrachado.

Publicado no Jornal O Estado de São Paulo em 15 de março de 2008.

24 de março de 2012

Só um monte de bosta...




por Lucas Fernandes.

Somos seres frágeis. Dotados de sentimentos complexos e de uma mente que nem sempre é ouvida pelo corpo. Humanos. Animais e Racionais. Pois muito bem... Superiores? 
 Perecemos muitas vezes diante da mais simples bactéria. Morremos com uma facilidade impressionante. Somos os únicos seres dotados da capacidade mórbida de autodestruição. Como se não bastasse destruirmos uns aos outros, nós colocamos em cheque nosso tão valioso planeta. Escravizamos espécies. Devastamos florestas. Julgamos o que merece e o que não merece viver. Designamos um deus, de nossa mesma aparência e "benevolência". Passamos por cima dos nossos próprios conceitos de ética e de dignidade. Praticamente parasitas em um mundo que só nos favorece.
 Pode parecer uma estupidez sem tamanho, mas só o que eu posso expressar nesse momento é vergonha. Um sentimento de culpa e de inferioridade. A capacidade de nos amar e nos respeitar estão sendo levada por uma coisa chamada ganância. Tenho acompanhado uma série de feitos tecnológicos e grandes avanços científicos. Descobertas realmente impressionantes. Mas já faz muito tempo que não sinto orgulho de ser um humano. Não pensem, por favor, que estou me excluindo dessa massa que tanto me decepciona. Eu faço parte dela. Sinto a hipocrisia até mesmo nestas palavras. A hipocrisia de uma espécie que se julga superior. Seres evoluídos que alcançaram o topo do mundo. Acredito que em breve poderemos inclusive nos julgar proprietários de planetas já povoados por seres infinitamente inferiores a nós, que certamente necessitam urgentemente de nossa "divina benevolência".
 Chega de desperdiçar palavras bonitas com esse texto falho! Sei que jamais atingirei sequer um décimo de meu objetivo... Mas, mesmo assim, hoje eu preciso escrever. Simplesmente preciso contar para algum ser da minha mesma insuperável raça o que me aflige. Necessito deste espaço ilusório que se disponibiliza a aceitar essas palavras ineficazes. São como ferroadas de milhares de abelhas na bunda de um defunto. Abelhas que ferroam e morrem debilmente sem sequer perceber que jazia ali sua tão odiada vítima. Só sei que preciso simplesmente escrever. Até que os meus dedos adquiram o formato destas letras fúteis. Escrever até que o sono, que perambula neste momento por algum labirinto, venha me buscar. 
 No rosto as evidencias de um dia cheio. Olhos fundos de cansaço. Cada poro expelindo uma espessa faixa de tinta acinzentada, tornando o ar pesado e frio. Não sei ao certo, mas não é fácil dormir com esse peso. Já não consigo respirar em torno dessa névoa que eu mesmo criei. Devo pensar menos? Refletir menos? Será que eu preciso aprender a ser menos eu pra conseguir dormir e descansar de fato? Não é fácil... Nunca foi! Câmbio, desligo.

8 de março de 2012

A mulher na História: o Dia Internacional da Mulher

   

As comemorações do 8 de março estão mundialmente vinculadas às reivindicações femininas por melhores condições de trabalho, por uma vida mais digna e sociedades mais justas e igualitárias. Essa luta é antiga e contou com a força de inúmeras mulheres que nos vários momentos da história da humanidade resistiram ao machismo e à discriminação.
É a partir da Revolução francesa, em 1789, que as mulheres passam a atuar na sociedade de forma mais significativa, reivindicando a melhoria das condições de vida e trabalho, a participação política, o fim da prostituição, o acesso à instrução e a igualdade de direitos entre os sexos.
É nessa época que surge o nome da francesa Olympe de Gouges. Em 1791, ela lança a "Declaração dos Direitos da Cidadã", onde reivindicava o "direito feminino a todas as dignidades, lugares e empregos públicos segundo suas capacidades". Afirmava também que "se a mulher tem o direito de subir ao cadafalso, ela deve poder subir também à tribuna". Olympe de Gouges foi julgada, condenada à morte e guilhotinada em 3 de março de 1793, por "ter querido ser um homem de estado e Ter esquecido as virtudes próprias do seu sexo". Nesse mesmo ano, as associações femininas foram proibidas na França.

Na Segunda metade do século XVIII, as grandes transformações ocorridas no processo produtivo e que resultaram na Revolução Industrial, trouxeram consigo uma série de reivindicações até então inexistentes. A absorção do trabalho feminino pelas indústrias, como forma de baratear os salários, inseriu definitivamente a mulher no mundo da produção. Ela passou a ser obrigada a conviver com jornadas de trabalho que chegavam até 17 horas diárias, em condições insalubres, submetidas a espancamentos e ameaças sexuais constantes, além de receber salários que chegavam a ser 60% menores que os dos homens.
Em exemplo típico do ambiente fabril na época era a tecelagem Tydesley, em Manchester, na Inglaterra, onde se trabalhava 14 horas diárias a uma temperatura de 29º, num local úmido, com portas e janelas fechadas e, na parede, um cartaz afixado proibia, entre outras coisas, ir ao banheiro, beber água, abrir janelas ou acender as luzes.
Não tardaram a surgir, na Europa e nos Estados Unidos, manifestações operárias contrárias ao terrível cotidiano vivenciado e os enfrentamentos com o patronato e a polícia se tornaram cada vez mais freqüentes. A redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias passou a ser a grande bandeira dos trabalhadores industriais.
Em 1819, depois de um enfrentamento em que a polícia atirou com canhões contra os trabalhadores, a Inglaterra aprovou a lei que reduzia para 12 horas o trabalho das mulheres e dos menores entre 9 e 16 anos. Foi também a Inglaterra o primeiro país a reconhecer, legalmente, o direito de organização dos trabalhadores. O parlamento inglês aprovou, em 1824, o direito de livre associação e os sindicatos se organizaram em todo o país.
Foi no bojo das manifestações pela redução da jornada de trabalho que 129 tecelãs da Fábrica de Tecidos Cotton, em Nova Iorque, cruzaram os braços e paralisaram os trabalhos pelo direito a uma jornada de 10 horas, na primeira greve norte-americana conduzida unicamente por mulheres. Violentamente reprimidas pela polícia, as operárias, acuadas, refugiaram-se nas dependências da fábrica. No dia 8 de março de 1857, os patrões e a polícia trancaram as portas da fábrica e atearam fogo. Asfixiadas, dentro de um local em chamas, as tecelãs morreram carbonizadas.
Durante a II Conferência Internacional de Mulheres, realizada em 1910 na Dinamarca, a famosa ativista pelos direitos femininos, Clara Zetkin, propôs que o 8 de março fosse declarado como o Dia Internacional da Mulher, homenageando as tecelãs de Nova Iorque. Em 1911, mais de um milhão de mulheres se manifestaram na Europa. A partir daí, essa data começou a ser comemorada no mundo inteiro.


Texto extraído de "8 de março, Dia Internacional da Mulher – Uma data e muitas histórias", de Carmen Lucia Evangelho Lopes.. CEDIM-SP/Centro de Memória Sindical.

5 de março de 2012

Prostituta não é vagabunda

O jornal Beijo da rua é um marco do movimento de conscientização sobre os direitos e a organização das profissionais do sexo

por Pedro Lapera


Com o retorno dos movimentos sociais à cena política em meados dos anos 1980, um grupo socialmente invisível entra firme na luta por seu reconhecimento. Com o jornal Beijo da rua como bandeira, as prostitutas reivindicam sua legitimação na esfera pública. Os exemplares produzidos até 1993 do periódico lançado em dezembro de 1988 estão guardados na Coordenadoria de Publicações Seriadas da Fundação Biblioteca Nacional.
Fundado por Gabriela Silva Leite, a Gabi, responsável pela ONG Davida, que mais tarde lançaria a grife Daspu, e editado pelo Iser (Instituto Superior de Estudos da Religião), que tinha como coordenador Rubem César Fernandes, ativista político bastante conhecido que acolheu esta iniciativa. O objetivo do jornal era “mostrar que a prostituta não é uma vagabunda ou então o resultado do capitalismo selvagem, mas sim a linha direta de uma sociedade que morre de medo de encarar sua sexualidade e, consequentemente, se sente profundamente ameaçada quando a prostituta mostra seu rosto”.
layout do Beijo da rua tem identificação fácil para seus leitores: na primeira página, a coluna da Gabi apresenta o novo número ao lado da seção de poesia, com vários trechos de autores célebres, como Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, e seus poemas sobre mulheres, prostituição e o universo do prazer. Em seguida, artigos e reportagens sobre temas relacionados à prostituição e à sexualidade: regiões das metrópoles brasileiras ocupadas por prostitutas, michês e travestis; entrevistas com profissionais falando de suas experiências na rua. Encerrando cada edição, uma seção de cartas, que evidencia a formação de uma comunidade em torno do jornal, composta de políticos, prostitutas do Rio de Janeiro e de outros estados, pesquisadores e ativistas dos direitos humanos.
Gabriela Leite qualifica a si própria e seus colaboradores como integrantes do “Exército de Brancaleone”, aludindo ao grupo de maltrapilhos criado pelo italiano Mario Monicelli no cinema. Com este espírito, o periódico questiona, desde seu primeiro número, as estruturas do poder vigente e tenta conscientizar as prostitutas da importância de participarem do jogo político, como comprovam reportagens sobre eleição de representantes, mudanças nas leis penais, civis e trabalhistas que incidem na prática da prostituição. Aliás, uma imagem que expõe a força da ideia dos “maltrapilhos” apropriando-se da cena pública é a do carro abre-alas do desfile da escola de samba Beija-Flor com centenas de figurantes vestidos de mendigos, bêbados e prostitutas, publicada no jornal e descrita na coluna da Gabi na edição de abril-maio de 1989.

Inspiração no Pasquim
Dois pontos costuram as narrativas: a violência policial e a relação entre a prática da prostituição e a ocupação de determinados espaços nas regiões urbanas. Além disso, a Aids – o grande temor dos anos 1980 – também encontra espaço nas páginas de Beijo da rua, ora como assunto de palestras destinadas ao público feminino e LGBT, ora como referência a atitudes preconceituosas, como a frase “Ih, Cazuza!”, proferida com sarcasmo contra travestis, pelo fato de o cantor ter sido a primeira personalidade a assumir publicamente ser portador do vírus.
Entretanto, o tom predominante no jornal está bem longe do pessimismo ou, ainda, da seriedade cara à militância política dos anos 1960. Inspirado em tabloides da imprensa nanica como O PasquimPlaneta Diário e Lampião da EsquinaBeijo da rua denuncia, comemora e comunica com irreverência que marcou politicamente os anos 1980, como arma contra a cultura do autoritarismo e da sobriedade dos costumes legitimada pelo regime político que acabara de cair. Digna de registro, a reportagem “Travesti: a insustentável leveza de ser”, na qual o antropólogo Jared Jorge Braiterman, ao parodiar o título do consagrado livro de Milan Kundera, afirma que “marginalizados por aqueles que estão no poder, os travestis, apesar disso, criam identidades verdadeiramente pós-modernas no seu desafio aos limites tradicionais do masculino e do feminino, das fronteiras nacionais, da verdade e da fantasia”.
Essa afirmativa vale também para as prostitutas, uma vez que, ao questionarem a rigidez da concepção de sexualidade propagada pela moral dominante, apropriam-se do espaço urbano e passam a integrar uma cartografia afetiva que desafia os tradicionais ocupantes da cena pública. Investindo na história desta cartografia, o jornal publicou uma série de artigos assinados por Jesus Lemos sobre as zonas de prostituição no Rio de Janeiro. Dentre outras, a zona do Mangue, a Cidade Nova, a Vila Mimosa e as praças da República e Tiradentes no período compreendido entre o final do século XIX e a década de 1980.
A força retórica das páginas de Beijo da rua conseguiu superar os impasses e as crises dos anos 1990: a publicação sobreviveu e ganhou, inclusive, uma versão virtual, produzida desde 2004 pela ONG Davida.  A necessidade sempre renovada de reafirmar a sexualidade como área do prazer e não das regras morais animou esta sobrevida do jornal.

Publicado em 1° de fevereiro de 2012, na Revista História.