por Lucas Fernandes.
Somos seres frágeis. Dotados
de sentimentos complexos e de uma mente que nem sempre é ouvida pelo corpo. Humanos.
Animais e Racionais. Pois muito bem... Superiores?
Perecemos muitas vezes
diante da mais simples bactéria. Morremos com uma facilidade impressionante.
Somos os únicos seres dotados da capacidade mórbida de autodestruição. Como se
não bastasse destruirmos uns aos outros, nós colocamos em cheque nosso tão
valioso planeta. Escravizamos espécies. Devastamos florestas. Julgamos o que
merece e o que não merece viver. Designamos um deus, de nossa mesma aparência e
"benevolência". Passamos por cima dos nossos próprios conceitos de
ética e de dignidade. Praticamente parasitas em um mundo que só nos favorece.
Pode parecer uma
estupidez sem tamanho, mas só o que eu posso expressar nesse momento é
vergonha. Um sentimento de culpa e de inferioridade. A capacidade de nos amar e
nos respeitar estão sendo levada por uma coisa chamada ganância. Tenho
acompanhado uma série de feitos tecnológicos e grandes avanços científicos.
Descobertas realmente impressionantes. Mas já faz muito tempo que não sinto
orgulho de ser um humano. Não pensem, por favor, que estou me excluindo dessa
massa que tanto me decepciona. Eu faço parte dela. Sinto a hipocrisia até mesmo
nestas palavras. A hipocrisia de uma espécie que se julga superior. Seres
evoluídos que alcançaram o topo do mundo. Acredito que em breve poderemos
inclusive nos julgar proprietários de planetas já povoados por seres
infinitamente inferiores a nós, que certamente necessitam urgentemente de nossa
"divina benevolência".
Chega de desperdiçar
palavras bonitas com esse texto falho! Sei que jamais atingirei sequer um
décimo de meu objetivo... Mas, mesmo assim, hoje eu preciso escrever.
Simplesmente preciso contar para algum ser da minha mesma insuperável raça o
que me aflige. Necessito deste espaço ilusório que se disponibiliza a aceitar
essas palavras ineficazes. São como ferroadas de milhares de abelhas na bunda
de um defunto. Abelhas que ferroam e morrem debilmente sem sequer perceber que
jazia ali sua tão odiada vítima. Só sei que preciso simplesmente escrever. Até
que os meus dedos adquiram o formato destas letras fúteis. Escrever até que o
sono, que perambula neste momento por algum labirinto, venha me buscar.
No rosto as evidencias
de um dia cheio. Olhos fundos de cansaço. Cada poro expelindo uma espessa
faixa de tinta acinzentada, tornando o ar pesado e frio. Não sei ao certo, mas
não é fácil dormir com esse peso. Já não consigo respirar em torno dessa névoa
que eu mesmo criei. Devo pensar menos? Refletir menos? Será que eu preciso
aprender a ser menos eu pra conseguir dormir e descansar de fato? Não é
fácil... Nunca foi! Câmbio, desligo.